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Sobre os textos e as fotos

As imagens que estão nesse blog, são fotos que faço. São momentos que registro e divido com vocês.
Assim como os textos, que são escritos por mim com a singela intenção de falar aos seus corações e trazer um pouco de alegria para nossas vidas.







sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Momento Cultural no 107

Novamente no meu ônibus...
O que é cultura?
Essa é uma discussão vasta e já pude experimentá-la algumas vezes, porém vou destacar duas.
A primeira surgiu com um encontro solene entre "intelectuais", políticos e artistas ilustres ( isso existe?) Bem... A questão era: um debate sobre o que é cultura. Um daqueles momentos "fashions", "cult", uma "távola redonda" (pretensa) sobre o tema.
Pra resumir, o encontro tinha o seguinte tema:Por que as festas juninas acontecem em julho, agosto e até setembro?
Após os 30 segundos de pane mental... descubro que o "encontro cultural" era um encontro para apresentação de um candidato a um determinado cargo... ( no words)
O segundo momento, esse sim, valeu a pena.
Estou voltando pra casa e pego meu ônibus- tema. Sentada, começo a observar uma discussão que se inicia.
O trocador indaga a uma passageira sobre a leitura de um livro e daí em diante tenho toda a atenção focada no que se passa.
- A senhora vai ler esse livro todo?
Pronto, pensei, não bastasse a pessoa não ler, ainda se intromete na vida alheia. (Como se eu não estivesse fazendo a mesma coisa)
Mas, para minha total surpresa, o que vejo acontecer é uma conversa que além de me surpreender, me envoergonha pelos meus pensamentos.
Talvez eu não devesse ser tão cruel comigo, afinal, a minha outra experiência tinha sido caótica, e eu, fruto do meio, estava apenas exteriorizando minha vivência, mesmo que através dos meus pensamentos.
Mas voltando ao diálogo entre os dois - que nesse ponto já se adiantara devido às minhvs elocubrações-, tentei retomar o fio da meada e acompanhar o assunto.
Temos então uma pessoa com um livro na mão e que visivelmente é alguem que teve a possibilidade de estudar e como interlocutor um trabalhador, que não dá pra saber qual a sua instrução, mas que dá um banho de cultura verdadeira e consegue estabelecer em meio ao seu momento de trabalho, uma converas com uma pessoa desconhecida, uma troca de conhecimentos que, graças a Deus, pelo fato do ônibus estar vazio, eu posso usufruir.
Aprendi muitas coisas, mas o mais legal foi sobre a origem do blues.
A moça se despede e o rapaz tenta continuar o diálogo, agora com o motorista.
Recita a letra de um blues e o motorista, até então quieto, diz:
- Se você continuar falando assim, eu vou me apaixonar.
Puxo o sinal e desço no meu ponto.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Aconteceu no 107

O susto!

Dia útil, quatro horas da tarde. Sol de rachar, estômago vazio, ônibus cheio.
Na volta pra casa, diante das condições já citadas consigo finalmente um lugar pra sentar. Estamos chegando na Praia de Botafogo e após ter vindo em pé desde a avenida Passos, esse lugar cai do céu.
No ponto da rua da Passagem um adolescente comum como todos, sem camisa, de mochila, branquinho como meu filho, chinelo no pé e aquela cara de quem acabou de atravessar um portal dimensional e surgiu nesse mundo de repente, entra no “busão”.
Sei disso porque apesar do fato de ser ele tão comum, eu o reparei, como reparo em todos que entram e saem do ônibus. - É uma mania que tenho, olhar para as pessoas e pensar porque estão aqui, ou simplesmente imaginá-las sem roupa -. É um truque que tenho para desmistificar o ser humano, desenvolvi essa técnica quando era obrigada a tocar piano na frente das pessoas - coisa que minha mãe sempre fazia quando recebia visitas... Eu odiava aquilo.
Bem, o menino senta na última fileira, no único lugar que ele encontra e o ônibus segue.
Quando descemos o Pasmado e pegamos a General Severiano, o veículo pára no ponto seguinte. Eis que entra um homem alto, muito magro e de olhos esbugalhados, que se dirige ao trocador, no caso, uma trocadora e pergunta:
- Posso pular a roleta?
Devido a forma afoita com entrou e como perguntou, fez isso em tom alto, todos se voltam e esperam meio apavorados a resposta. Como a trocadora não responde – talvez por ter ficado paralisada com uma pochete que ele quase arremessou contra ela-, ele, resolve pular a roleta. Parte, então, como um furacão em direção ao menino que entrara no ponto anterior.
A esta altura, as pessoas já estão rezando, porque quando não se consegue entender o que está acontecendo, deduz-se que há um assalto em andamento e então, só rezando...
Eu cheguei a questionar sobre um possível parentesco entre os dois, sei lá. Talvez fosse uma brincadeira, ou talvez o homem tivesse seguido o menino, mas nada era lógico, afinal a confusão estava armada e não dava tempo pra pensar. O fato é que adolescente estava sendo sacudido literalmente pelo tal homem que proferia palavras initeligíveis.
De repente, solta-o e volta-se na direção do motorista e grita que quer descer, só que o motorista não percebe e arranca com o carro. Nesse momento, todos se apavoram mesmo. Gritam:
- O moço quer descer! O moço quer descer!
O ônibus pára e quando a porta de saída se abre, ele desce correndo.
O trajeto é retomado, a sensação em todos é de alívio e de repente alguém grita novamente:
- Cuidado!
Todos se abaixam. E a pedra arremessada, pelo homem que descera, não atinge ninguém, felizmente.
Outro susto e nova tentativa de voltar à calma.
Um senhor que estava estranhamente calmo sentado do lado de uma das janelas fala:
- Aquele moço veio correndo lá de dentro do Pinel, pulou o portão e entrou no ônibus...
Ta explicado.