O susto!
Dia útil, quatro horas da tarde. Sol de rachar, estômago vazio, ônibus cheio.
Na volta pra casa, diante das condições já citadas consigo finalmente um lugar pra sentar. Estamos chegando na Praia de Botafogo e após ter vindo em pé desde a avenida Passos, esse lugar cai do céu.
No ponto da rua da Passagem um adolescente comum como todos, sem camisa, de mochila, branquinho como meu filho, chinelo no pé e aquela cara de quem acabou de atravessar um portal dimensional e surgiu nesse mundo de repente, entra no “busão”.
Sei disso porque apesar do fato de ser ele tão comum, eu o reparei, como reparo em todos que entram e saem do ônibus. - É uma mania que tenho, olhar para as pessoas e pensar porque estão aqui, ou simplesmente imaginá-las sem roupa -. É um truque que tenho para desmistificar o ser humano, desenvolvi essa técnica quando era obrigada a tocar piano na frente das pessoas - coisa que minha mãe sempre fazia quando recebia visitas... Eu odiava aquilo.
Bem, o menino senta na última fileira, no único lugar que ele encontra e o ônibus segue.
Quando descemos o Pasmado e pegamos a General Severiano, o veículo pára no ponto seguinte. Eis que entra um homem alto, muito magro e de olhos esbugalhados, que se dirige ao trocador, no caso, uma trocadora e pergunta:
- Posso pular a roleta?
Devido a forma afoita com entrou e como perguntou, fez isso em tom alto, todos se voltam e esperam meio apavorados a resposta. Como a trocadora não responde – talvez por ter ficado paralisada com uma pochete que ele quase arremessou contra ela-, ele, resolve pular a roleta. Parte, então, como um furacão em direção ao menino que entrara no ponto anterior.
A esta altura, as pessoas já estão rezando, porque quando não se consegue entender o que está acontecendo, deduz-se que há um assalto em andamento e então, só rezando...
Eu cheguei a questionar sobre um possível parentesco entre os dois, sei lá. Talvez fosse uma brincadeira, ou talvez o homem tivesse seguido o menino, mas nada era lógico, afinal a confusão estava armada e não dava tempo pra pensar. O fato é que adolescente estava sendo sacudido literalmente pelo tal homem que proferia palavras initeligíveis.
De repente, solta-o e volta-se na direção do motorista e grita que quer descer, só que o motorista não percebe e arranca com o carro. Nesse momento, todos se apavoram mesmo. Gritam:
- O moço quer descer! O moço quer descer!
O ônibus pára e quando a porta de saída se abre, ele desce correndo.
O trajeto é retomado, a sensação em todos é de alívio e de repente alguém grita novamente:
- Cuidado!
Todos se abaixam. E a pedra arremessada, pelo homem que descera, não atinge ninguém, felizmente.
Outro susto e nova tentativa de voltar à calma.
Um senhor que estava estranhamente calmo sentado do lado de uma das janelas fala:
- Aquele moço veio correndo lá de dentro do Pinel, pulou o portão e entrou no ônibus...
Ta explicado.
Dia útil, quatro horas da tarde. Sol de rachar, estômago vazio, ônibus cheio.
Na volta pra casa, diante das condições já citadas consigo finalmente um lugar pra sentar. Estamos chegando na Praia de Botafogo e após ter vindo em pé desde a avenida Passos, esse lugar cai do céu.
No ponto da rua da Passagem um adolescente comum como todos, sem camisa, de mochila, branquinho como meu filho, chinelo no pé e aquela cara de quem acabou de atravessar um portal dimensional e surgiu nesse mundo de repente, entra no “busão”.
Sei disso porque apesar do fato de ser ele tão comum, eu o reparei, como reparo em todos que entram e saem do ônibus. - É uma mania que tenho, olhar para as pessoas e pensar porque estão aqui, ou simplesmente imaginá-las sem roupa -. É um truque que tenho para desmistificar o ser humano, desenvolvi essa técnica quando era obrigada a tocar piano na frente das pessoas - coisa que minha mãe sempre fazia quando recebia visitas... Eu odiava aquilo.
Bem, o menino senta na última fileira, no único lugar que ele encontra e o ônibus segue.
Quando descemos o Pasmado e pegamos a General Severiano, o veículo pára no ponto seguinte. Eis que entra um homem alto, muito magro e de olhos esbugalhados, que se dirige ao trocador, no caso, uma trocadora e pergunta:
- Posso pular a roleta?
Devido a forma afoita com entrou e como perguntou, fez isso em tom alto, todos se voltam e esperam meio apavorados a resposta. Como a trocadora não responde – talvez por ter ficado paralisada com uma pochete que ele quase arremessou contra ela-, ele, resolve pular a roleta. Parte, então, como um furacão em direção ao menino que entrara no ponto anterior.
A esta altura, as pessoas já estão rezando, porque quando não se consegue entender o que está acontecendo, deduz-se que há um assalto em andamento e então, só rezando...
Eu cheguei a questionar sobre um possível parentesco entre os dois, sei lá. Talvez fosse uma brincadeira, ou talvez o homem tivesse seguido o menino, mas nada era lógico, afinal a confusão estava armada e não dava tempo pra pensar. O fato é que adolescente estava sendo sacudido literalmente pelo tal homem que proferia palavras initeligíveis.
De repente, solta-o e volta-se na direção do motorista e grita que quer descer, só que o motorista não percebe e arranca com o carro. Nesse momento, todos se apavoram mesmo. Gritam:
- O moço quer descer! O moço quer descer!
O ônibus pára e quando a porta de saída se abre, ele desce correndo.
O trajeto é retomado, a sensação em todos é de alívio e de repente alguém grita novamente:
- Cuidado!
Todos se abaixam. E a pedra arremessada, pelo homem que descera, não atinge ninguém, felizmente.
Outro susto e nova tentativa de voltar à calma.
Um senhor que estava estranhamente calmo sentado do lado de uma das janelas fala:
- Aquele moço veio correndo lá de dentro do Pinel, pulou o portão e entrou no ônibus...
Ta explicado.
Hahahaha, nossa Dida! Que horror! Se não fosse trágico seria cômico...
ResponderExcluirEssas histórias dariam um livro. Seu blog tá muito bom, to me deliciando com ele!
Um beijo com saudades!
Thaís Moya
Ihh... Thaís... Realmente dava um livro mesmo... Seja sempre bem vinda. O seu blog tá lindo. bjussssssss
ResponderExcluir