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Sobre os textos e as fotos

As imagens que estão nesse blog, são fotos que faço. São momentos que registro e divido com vocês.
Assim como os textos, que são escritos por mim com a singela intenção de falar aos seus corações e trazer um pouco de alegria para nossas vidas.







sábado, 26 de junho de 2010

Mensageiros de Deus




Eu acho que sou uma pessoa complexa. Cheia de camadas psíquicas e atitudes as vezes contrastantes. Ou seja, sou uma pessoa igual a todas as outras. Mas se pudesse me definir, diria que sou pragmática.
No entanto, espiritualmente falando, não gosto de andar sozinha. Gosto de orar e tenho experiências incríveis em minha vida. Momentos em minha vida em que coisas maravilhosas acontecem depois de uma breve prece e de um pedido a Deus na forma mais simples e direta. Aliás, não sou muito eloqüente em minhas orações. Admiro aquelas pessoas que sabem falar bonito com Deus. Eu confesso que não sei. Pra ser sincera, é muito comum me ver pensando em coisas totalmente aleatórias no momento da oração. Aí eu tenho de voltar à concentração e falo: 'Ai meu Deus, eu me distraí, de novo'.
Sabe, sou muito direta no meu dia a dia com as pessoas e sempre digo (pra Deus) que eu vou ser direta com Ele também, porque pelo "princípio da onisciência", (dEle) Ele me conhece totalmente e não há motivos pra eu tentar ser a “boazinha” na hora que eu preciso falar com Ele.
Esta semana, eu vivi um dos momentos que eu costumo chamar de “Momento em que eu presto a atenção”. São aqueles momentos, no meio de tantos outros em que eu presto a atenção em algo que me acontece. E falo isso, porque sei, de verdade, que Deus age o tempo todo em nossas vidas, nós é que não prestamos a atenção.
Eu estava indo pra faculdade pela primeira vez esta semana de ônibus, pois estou me recuperando de uma entorse no tornozelo. Então, o quadro já se desenhava em minha mente: ‘Como eu farei pra atravessar a rua quando eu saltar do ônibus, visto que no local o trânsito é intenso e o sinal só fica no piscante?’ Eu não podia correr. Bem , pensei, Vai ser o que Deus quiser.
Desci do ônibus, e voltei um pouco, achando que antes do sinal seria mais fácil. Ledo engano. Não consegui. Olhava pra um lado e outro e quando parecia que ia dar para atravessar, nada. Lá vinha um carro correndo e eu não podia correr, então ficava esperando.
Decidi que iria para o local que tem uma faixa e onde fica o sinal (piscando). Este local é na descida de um viaduto de duas pistas e de mão dupla. Ou seja, esperei mais um bom tempo. Então, me lembrei de orar. Pensei: ‘Senhor me ajuda atravessar, manda alguém pra me ajudar aqui’ Só acabei de pensar isso quando ouvi uma voz que dizia: “Me ajuda pra o carro não me pegar” Quando eu olhei, não sei da onde veio, mas havia um rapaz visivelmente com dificuldades motoras e mentais e que grudou em mim. Eu olhei e entendi na hora, era a resposta da minha oração.
Deus manda mensageiros pra nos ajudar e nós as vezes não percebemos. Eu, naquele momento, ainda bem, percebi. Pois na hora em que o rapaz apareceu, o ônibus parou e um outro carro na direção oposta também parou e nós pudemos atravessar. Eu com o meu pé torcido e ele com suas limitações. Juntos nós fomos vistos. E isso me chamou a tenção pra uma coisa. É muito comum a gente querer estar ao lado de alguém que a gente julga muito importante. É muito comum ter interesse quando sabemos que fulano é alguém de destaque na sociedade, como se isso fosse nos dar visibilidade. Que bobagem! Eu tive a prova contrária de que isso é a mais tola de todas as vaidades. Só fui vista e pude atravessar com segurança, porque aquele rapaz tão frágil, com dificuldades motoras e mentais, ficou ao meu lado. Desta forma, eu pude entender que quando Deus coloca alguém do nosso lado, vai ser o que realmente vai funcionar e será o que precisamos naquele momento, independentemente da aparência que essa pessoa tenha. Como somos estúpidos e pretensiosos escolhendo essa ou aquela pessoa pelo seu modo de vestir ou sua posição social... Que tolice!
Eu só precisava atravessar e consegui. E olha que sinceramente, eu não sei da onde aquele rapaz saiu, pois eu já estava tentando atravessar fazia uns dez minutos e não estava conseguindo. De repente...
Outra coisa que me chamou a atenção foi que mesmo quando estamos numa situação em que precisamos de ajuda, podemos ajudar. Isso foi muito bacana também. Porque apesar de estar precisando muito e ter pedido a Deus que me ajudasse, a ajuda que eu precisava veio em forma de caridade. Ou seja, eu recebi ajuda e ajudei também. Nossa, foi muito legal!
Então, resolvi dividir com vocês. Pode ser uma bobagem pra alguém ou até misticismo na visão de qualquer pessoa. Eu prefiro achar que cada vez que eu peço a Deus alguma coisa, mesmo uma coisa tão simples com atravessar a rua, Ele está ali pra me ajudar.
Obrigado Senhor

domingo, 20 de junho de 2010

Lembranças


Na Fazenda...

Eu não conheci meu bisavô, Bentola. Conheci apenas minha bisavó, Isaura. Era mãe da minha avó materna e todo ano nós íamos visitá-la em Conceição de Macabu para comemorar o seu aniversário. Eu estava acostumada com minha avó e saber que ela ainda tinha mãe viva era muito legal. Todo ano era mesma coisa. Íamos pra Macaé, visitávamos uma tia, irmã da minha avó e depois seguíamos para Conceição de Macabu. Lá nós ficávamos às vezes uma semana. Um pouco na casa de outra tia, que minha avó chamava de ‘comadre’ e na casa onde morava minha bisavó.
Ela era uma pessoa bem pequenininha. Sempre de cabelos presos, num coque e parecia demais com a minha avó, só que numa versão mais velha. Ela não reconhecia a gente logo que chegávamos. Minha avó tomava a bênção e ela ficava olhando e sempre fazia a mesma pergunta: Você é Felícia do Beija? Pronto, era a senha para ser reconhecida. Mas deixa-me esclarecer. Meu avô se chamava Benjamim, mas todos o chamavam de Seu Beija. Então, quando aquela pergunta era feita, a memória dela se manifestava e a gente já podia se sentir em família novamente.
Eu lembro que minha bisavó passava todo tempo sentada fazendo crochê. Fazia pecinhas que ela dava para as filhas e netas. Eram centros de mesas, conjuntinhos para colocar em cima dos móveis e muitos bicos de bule... Sim, isso mesmo. Ela fazia muitos biquinhos de bule e chaleira. Acho que é por causa disso que até hoje eu tenho fascinação por estes objetos. Parece que a casa da gente fica com mais aconchegante quando tem um bule ou uma chaleira na cozinha. Muitos podem dizer que isso é coisa de gente antiga ou que eu não acompanho a modernidade, que nada! Eu gosto de tecnologia, mas tenho especial apreço por coisas antigas. Minha irmã diz que meus muitos bibelôs são a prova disso.
Um dia, na festa de aniversário, que tinha sempre o mesmo modelo de bolo. Alguém cogitou se a idade dela não estava errada, pois sempre em cima do bolo em forma de tronco de árvore havia duas velas de 92 anos. Então, alguém correu pra verificar na certidão de nascimento qual seria a idade certa e pasmem... Ela já estava com 98.
Mas como eu disse no início, eu não conheci meu bisavô. Apenas ouvia as histórias que todos contavam. Todos diziam que ele era uma pessoa muito dócil e sempre preocupada com todo mundo. Muito carinhoso com os filhos e netos e fazia remédios com princípios homeopáticos e naturais para as pessoas que estavam sempre procurando por ele para resolver probleminhas de saúde. Até hoje, minha mãe guarda um livro bem antigo: O médico da família. Minha mãe e meu tio cresceram na fazenda dele, e eu tinha enorme curiosidade para conhecer a tão falada ‘Fazenda do Araújo’.
Outro dia, nós fomos lá. Foi lindo. Andar por aqueles pastos que tanta gente da minha família já tinha corrido e tantas histórias tinham se passado. Lá tem um morro enorme, com uma pedreira muito linda, muito alta mesmo. Lá de cima a gente vê como é grande a fazenda. Outro lugar que eu fiquei estasiada foi o bambuzal. Gente, como eu gosto de bambuzal! Pra todo lado que nós andávamos, minha mãe dizia: “Eu brincava aqui, eu brincava acolá”.E eu pensei que as crianças de antigamente eram criadas por Deus, porque não existe faculdade factível de se tomar conta de duas crianças, ela e meu tio, num lugar tão grande...
A casa da fazenda não era uma casa não muito grande, mas era alta, feita acima do chão e a gente podia andar por baixo dela em pé. Muito legal mesmo.
Eu percebi que para minha mãe e o meu tio, aquele momento foi muito importante porque eles se reencontraram. Pra mim, foi maravilhoso ver de perto lugares que eu sempre tinha ouvido falar e que daquele momento em diante tomaram forma, mas o que eu achei mais legal, foi poder ter levado meu filho pra que ele pudesse ter a experiência de valorizar o que é ter uma família e isso é sem palavras.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Pão com Alecrim

Tenho andado tão ligada nos meus textos para as provas e são tantos trabalhos para entregar, que já faz um certo tempo que não coloco nada aqui. Mas hoje fiquei inspirada com uma coisa que me aconteceu e resolvi dividir com vocês.
Pela manhã, quando fui tomar café ( pela segunda vez) reparei que o pão estava com um gosto diferente... Era um gosto de ervas, de mato, de lembranças... Então, tive a curiosidade de observar o pãozinho que eu tinha em mãos. Parecia um pão comum, uma baguetinha, dessas compradas em supermercado e eu havia passado manteiga e colocado uma fatia de queijo minas. No primeiro momento eu pensei que fosse um gosto vindo do queijo, mas olhei e não vi nada diferente no queijo e nem na manteiga, de forma que a alternativa era o pão.
Percebi que havia umas ervinhas secas por fora do pão e, senti o aroma que vinha da erva, era alecrim. Nesse instante, um portal se abriu a minha frente e eu pude me ver bem criança arrancando galhinhos de um pé de alecrim que nós tínhamos no sítio que morávamos... Foi mágico!
Como eu gostava daquele pé de alecrim! E fazia tanto tempo que eu não lembrava dele... Hoje eu tive a satisfação de ter esse resgate e já que estava diante de mim e do meu querido pé de alecrim eu pude recordar das coisas que eu fazia quando só tinha como brincadeira andar por entre as árvores, subir nos pés de goiabas e até dormir em cima de um pé de manga que cresceu com os galhos tão comodamente abertos que me permitiam tal façanha.
Era comum eu acordar e descer para andar simplesmente por entre as plantas. Eu tomava café com todas as guloseimas que minha avó preparava e saía para averiguar quais frutas tinham amadurecido, ou então, para ver se descobria por entre as muitas pedrinhas do chão alguma que fosse parte de um tesouro que eu queria encontrar.
Não era raro, nessas minhas buscas, eu adormecer embaixo do pé de amora ou lá em cima, onde havia uma plantação de abacaxis. Engraçado que eu sempre me lembrava daquele versinho “ Lá em cima daquele morro..." E eu ria sozinha... Achava engraçado o fato de meu avô ter plantado abacaxis. Quando os abacaxis começavam a nascer era tão bonito... E quando ficavam maduros o aroma das frutas se espalhava pelo ar.
Eu sempre tive essa mania de andar sozinha. Mania de ficar pensando. Não ligava se fazia sol, se chovia. Pra mim, cada dia tinha um motivo. Se fizesse sol era bom, pois assim eu podia sair e descobrir as coisas no quintal. Se chovesse eu ficava em casa e olhava a chuva pela janela, sempre ouvindo que as plantas estavam felizes e iam crescer mais rápido.
Eu não tinha medo. Éramos eu, minha avó e meu avô. Somente nos finais de semana eu via as pessoas que vinham nos visitar ou vinham para o culto de domingo. Depois, de tardezinha, todos iam embora e a gente ficava lá do portão olhando todo mundo sumir na estrada.
Tem gente que não gosta de roça. Eu gosto. Tem um silêncio que incomoda as pessoas, eu sei. Mas eu não tinha muita necessidade de agitação. Minha mente brincava sempre com tudo e eu conhecia cada planta, cada pedra, cada caminho daquele lugar.
Então hoje, quando o alecrim chegou perto de mim, eu o reconheci logo. Afinal eu posso vê-lo com seus ramos cheirosos, bem quietos, embaixo daquele barranco que dava acesso aos fundos da Igreja e a pista que usávamos pra escorregar.
À noite, o cheiro de mato aumentava, mas o do alecrim se destacava. Talvez porque eu gostasse tanto de arrancar um raminho e ficar observando aqueles finíssimos pontinhos, suas folhas, que o cheiro grudou em mim.
Não sei se ele existe ainda. Tive notícias que muita coisa mudou lá no sítio, depois que foi vendido. Mas gostaria de saber quais plantas daquelas que habitam meu mundo interior ainda existem por lá.
Pensando bem, não sei se isso é necessário, pois dentro de mim, com certeza, elas estão todas do mesmo jeito.