Tenho andado tão ligada nos meus textos para as provas e são tantos trabalhos para entregar, que já faz um certo tempo que não coloco nada aqui. Mas hoje fiquei inspirada com uma coisa que me aconteceu e resolvi dividir com vocês.
Pela manhã, quando fui tomar café ( pela segunda vez) reparei que o pão estava com um gosto diferente... Era um gosto de ervas, de mato, de lembranças... Então, tive a curiosidade de observar o pãozinho que eu tinha em mãos. Parecia um pão comum, uma baguetinha, dessas compradas em supermercado e eu havia passado manteiga e colocado uma fatia de queijo minas. No primeiro momento eu pensei que fosse um gosto vindo do queijo, mas olhei e não vi nada diferente no queijo e nem na manteiga, de forma que a alternativa era o pão.
Percebi que havia umas ervinhas secas por fora do pão e, senti o aroma que vinha da erva, era alecrim. Nesse instante, um portal se abriu a minha frente e eu pude me ver bem criança arrancando galhinhos de um pé de alecrim que nós tínhamos no sítio que morávamos... Foi mágico!
Como eu gostava daquele pé de alecrim! E fazia tanto tempo que eu não lembrava dele... Hoje eu tive a satisfação de ter esse resgate e já que estava diante de mim e do meu querido pé de alecrim eu pude recordar das coisas que eu fazia quando só tinha como brincadeira andar por entre as árvores, subir nos pés de goiabas e até dormir em cima de um pé de manga que cresceu com os galhos tão comodamente abertos que me permitiam tal façanha.
Era comum eu acordar e descer para andar simplesmente por entre as plantas. Eu tomava café com todas as guloseimas que minha avó preparava e saía para averiguar quais frutas tinham amadurecido, ou então, para ver se descobria por entre as muitas pedrinhas do chão alguma que fosse parte de um tesouro que eu queria encontrar.
Não era raro, nessas minhas buscas, eu adormecer embaixo do pé de amora ou lá em cima, onde havia uma plantação de abacaxis. Engraçado que eu sempre me lembrava daquele versinho “ Lá em cima daquele morro..." E eu ria sozinha... Achava engraçado o fato de meu avô ter plantado abacaxis. Quando os abacaxis começavam a nascer era tão bonito... E quando ficavam maduros o aroma das frutas se espalhava pelo ar.
Eu sempre tive essa mania de andar sozinha. Mania de ficar pensando. Não ligava se fazia sol, se chovia. Pra mim, cada dia tinha um motivo. Se fizesse sol era bom, pois assim eu podia sair e descobrir as coisas no quintal. Se chovesse eu ficava em casa e olhava a chuva pela janela, sempre ouvindo que as plantas estavam felizes e iam crescer mais rápido.
Eu não tinha medo. Éramos eu, minha avó e meu avô. Somente nos finais de semana eu via as pessoas que vinham nos visitar ou vinham para o culto de domingo. Depois, de tardezinha, todos iam embora e a gente ficava lá do portão olhando todo mundo sumir na estrada.
Tem gente que não gosta de roça. Eu gosto. Tem um silêncio que incomoda as pessoas, eu sei. Mas eu não tinha muita necessidade de agitação. Minha mente brincava sempre com tudo e eu conhecia cada planta, cada pedra, cada caminho daquele lugar.
Então hoje, quando o alecrim chegou perto de mim, eu o reconheci logo. Afinal eu posso vê-lo com seus ramos cheirosos, bem quietos, embaixo daquele barranco que dava acesso aos fundos da Igreja e a pista que usávamos pra escorregar.
À noite, o cheiro de mato aumentava, mas o do alecrim se destacava. Talvez porque eu gostasse tanto de arrancar um raminho e ficar observando aqueles finíssimos pontinhos, suas folhas, que o cheiro grudou em mim.
Não sei se ele existe ainda. Tive notícias que muita coisa mudou lá no sítio, depois que foi vendido. Mas gostaria de saber quais plantas daquelas que habitam meu mundo interior ainda existem por lá.
Pensando bem, não sei se isso é necessário, pois dentro de mim, com certeza, elas estão todas do mesmo jeito.
Pela manhã, quando fui tomar café ( pela segunda vez) reparei que o pão estava com um gosto diferente... Era um gosto de ervas, de mato, de lembranças... Então, tive a curiosidade de observar o pãozinho que eu tinha em mãos. Parecia um pão comum, uma baguetinha, dessas compradas em supermercado e eu havia passado manteiga e colocado uma fatia de queijo minas. No primeiro momento eu pensei que fosse um gosto vindo do queijo, mas olhei e não vi nada diferente no queijo e nem na manteiga, de forma que a alternativa era o pão.
Percebi que havia umas ervinhas secas por fora do pão e, senti o aroma que vinha da erva, era alecrim. Nesse instante, um portal se abriu a minha frente e eu pude me ver bem criança arrancando galhinhos de um pé de alecrim que nós tínhamos no sítio que morávamos... Foi mágico!
Como eu gostava daquele pé de alecrim! E fazia tanto tempo que eu não lembrava dele... Hoje eu tive a satisfação de ter esse resgate e já que estava diante de mim e do meu querido pé de alecrim eu pude recordar das coisas que eu fazia quando só tinha como brincadeira andar por entre as árvores, subir nos pés de goiabas e até dormir em cima de um pé de manga que cresceu com os galhos tão comodamente abertos que me permitiam tal façanha.
Era comum eu acordar e descer para andar simplesmente por entre as plantas. Eu tomava café com todas as guloseimas que minha avó preparava e saía para averiguar quais frutas tinham amadurecido, ou então, para ver se descobria por entre as muitas pedrinhas do chão alguma que fosse parte de um tesouro que eu queria encontrar.
Não era raro, nessas minhas buscas, eu adormecer embaixo do pé de amora ou lá em cima, onde havia uma plantação de abacaxis. Engraçado que eu sempre me lembrava daquele versinho “ Lá em cima daquele morro..." E eu ria sozinha... Achava engraçado o fato de meu avô ter plantado abacaxis. Quando os abacaxis começavam a nascer era tão bonito... E quando ficavam maduros o aroma das frutas se espalhava pelo ar.
Eu sempre tive essa mania de andar sozinha. Mania de ficar pensando. Não ligava se fazia sol, se chovia. Pra mim, cada dia tinha um motivo. Se fizesse sol era bom, pois assim eu podia sair e descobrir as coisas no quintal. Se chovesse eu ficava em casa e olhava a chuva pela janela, sempre ouvindo que as plantas estavam felizes e iam crescer mais rápido.
Eu não tinha medo. Éramos eu, minha avó e meu avô. Somente nos finais de semana eu via as pessoas que vinham nos visitar ou vinham para o culto de domingo. Depois, de tardezinha, todos iam embora e a gente ficava lá do portão olhando todo mundo sumir na estrada.
Tem gente que não gosta de roça. Eu gosto. Tem um silêncio que incomoda as pessoas, eu sei. Mas eu não tinha muita necessidade de agitação. Minha mente brincava sempre com tudo e eu conhecia cada planta, cada pedra, cada caminho daquele lugar.
Então hoje, quando o alecrim chegou perto de mim, eu o reconheci logo. Afinal eu posso vê-lo com seus ramos cheirosos, bem quietos, embaixo daquele barranco que dava acesso aos fundos da Igreja e a pista que usávamos pra escorregar.
À noite, o cheiro de mato aumentava, mas o do alecrim se destacava. Talvez porque eu gostasse tanto de arrancar um raminho e ficar observando aqueles finíssimos pontinhos, suas folhas, que o cheiro grudou em mim.
Não sei se ele existe ainda. Tive notícias que muita coisa mudou lá no sítio, depois que foi vendido. Mas gostaria de saber quais plantas daquelas que habitam meu mundo interior ainda existem por lá.
Que texto gostoso de se ler! Essas coisas simples da vida também me tocam de uma forma muito especial.. Parabéns pela sensibilidade! Beijos!
ResponderExcluirObrigada Sylvia. Você é que é uma pessoa muito sensível. Obrigada mesmo. Apareça sempre! Bjusss. Dida
ResponderExcluirEu também ando querendo notícias de um certo pé de manga que plantei no antigo sítio que minha vó tinha em Itaguaí (agora Seropédica), dizem que o sítio acabou; a febre imobiliária o loteou, minha vó se foi; uma febre bem pior que a imobiliária a levou, o meu pé de manga, bem, deve ter dado lugar para alguma parede, ou poste, ou... sei lá o quê!! afinal, quem além de nós se preocupa com um pé de manga, ou de alecrim, não é mesmo? gostaria muito que o mundo prestasse mais atenção pras coisas que, apesar de simples, são as verdadeiramente belas. Esse seu texto é pra viajar!!!! rsrsrsrsrs beijos.
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