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Sobre os textos e as fotos

As imagens que estão nesse blog, são fotos que faço. São momentos que registro e divido com vocês.
Assim como os textos, que são escritos por mim com a singela intenção de falar aos seus corações e trazer um pouco de alegria para nossas vidas.







domingo, 20 de junho de 2010

Lembranças


Na Fazenda...

Eu não conheci meu bisavô, Bentola. Conheci apenas minha bisavó, Isaura. Era mãe da minha avó materna e todo ano nós íamos visitá-la em Conceição de Macabu para comemorar o seu aniversário. Eu estava acostumada com minha avó e saber que ela ainda tinha mãe viva era muito legal. Todo ano era mesma coisa. Íamos pra Macaé, visitávamos uma tia, irmã da minha avó e depois seguíamos para Conceição de Macabu. Lá nós ficávamos às vezes uma semana. Um pouco na casa de outra tia, que minha avó chamava de ‘comadre’ e na casa onde morava minha bisavó.
Ela era uma pessoa bem pequenininha. Sempre de cabelos presos, num coque e parecia demais com a minha avó, só que numa versão mais velha. Ela não reconhecia a gente logo que chegávamos. Minha avó tomava a bênção e ela ficava olhando e sempre fazia a mesma pergunta: Você é Felícia do Beija? Pronto, era a senha para ser reconhecida. Mas deixa-me esclarecer. Meu avô se chamava Benjamim, mas todos o chamavam de Seu Beija. Então, quando aquela pergunta era feita, a memória dela se manifestava e a gente já podia se sentir em família novamente.
Eu lembro que minha bisavó passava todo tempo sentada fazendo crochê. Fazia pecinhas que ela dava para as filhas e netas. Eram centros de mesas, conjuntinhos para colocar em cima dos móveis e muitos bicos de bule... Sim, isso mesmo. Ela fazia muitos biquinhos de bule e chaleira. Acho que é por causa disso que até hoje eu tenho fascinação por estes objetos. Parece que a casa da gente fica com mais aconchegante quando tem um bule ou uma chaleira na cozinha. Muitos podem dizer que isso é coisa de gente antiga ou que eu não acompanho a modernidade, que nada! Eu gosto de tecnologia, mas tenho especial apreço por coisas antigas. Minha irmã diz que meus muitos bibelôs são a prova disso.
Um dia, na festa de aniversário, que tinha sempre o mesmo modelo de bolo. Alguém cogitou se a idade dela não estava errada, pois sempre em cima do bolo em forma de tronco de árvore havia duas velas de 92 anos. Então, alguém correu pra verificar na certidão de nascimento qual seria a idade certa e pasmem... Ela já estava com 98.
Mas como eu disse no início, eu não conheci meu bisavô. Apenas ouvia as histórias que todos contavam. Todos diziam que ele era uma pessoa muito dócil e sempre preocupada com todo mundo. Muito carinhoso com os filhos e netos e fazia remédios com princípios homeopáticos e naturais para as pessoas que estavam sempre procurando por ele para resolver probleminhas de saúde. Até hoje, minha mãe guarda um livro bem antigo: O médico da família. Minha mãe e meu tio cresceram na fazenda dele, e eu tinha enorme curiosidade para conhecer a tão falada ‘Fazenda do Araújo’.
Outro dia, nós fomos lá. Foi lindo. Andar por aqueles pastos que tanta gente da minha família já tinha corrido e tantas histórias tinham se passado. Lá tem um morro enorme, com uma pedreira muito linda, muito alta mesmo. Lá de cima a gente vê como é grande a fazenda. Outro lugar que eu fiquei estasiada foi o bambuzal. Gente, como eu gosto de bambuzal! Pra todo lado que nós andávamos, minha mãe dizia: “Eu brincava aqui, eu brincava acolá”.E eu pensei que as crianças de antigamente eram criadas por Deus, porque não existe faculdade factível de se tomar conta de duas crianças, ela e meu tio, num lugar tão grande...
A casa da fazenda não era uma casa não muito grande, mas era alta, feita acima do chão e a gente podia andar por baixo dela em pé. Muito legal mesmo.
Eu percebi que para minha mãe e o meu tio, aquele momento foi muito importante porque eles se reencontraram. Pra mim, foi maravilhoso ver de perto lugares que eu sempre tinha ouvido falar e que daquele momento em diante tomaram forma, mas o que eu achei mais legal, foi poder ter levado meu filho pra que ele pudesse ter a experiência de valorizar o que é ter uma família e isso é sem palavras.

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